Desde a Idade Média, os mapas têm um certo status de documentos que apresentam verdades. Documentos com a missão de organizar espacialmente os fenômenos mais relevantes, da forma mais fiel possível à realidade. Logo, o desafio atribuído à cartografia era encontrar formas cada vez mais eficientes de mensurar, representar e comunicar um certo espaço, com o auxílio de técnicas gráficas, em prol de objetivos maiores, como a navegação, a guerra e a regulamentação de territórios. Os mapas, portanto, têm origem em uma tradição visual de projetar a realidade. Ao apresentarem um recorte de mundo de um modo filtrado, ajudam-nos a compreendê-lo um pouquinho melhor.

No entanto, cartografias contemporâneas

nos mostram que os mapas se libertaram dos seus moldes científicos e também passam a sinalizar outros caminhos poéticos para representar nossas relações com o mundo. São cartografias afetivas. E o mapa sonoro aqui proposto é uma delas: uma cartografia afetiva de Curitiba, desenhada por lembranças, experiências e percepções aurais.

Relembrar as primeiras impressões sonoras de Curitiba. Vasculhar a infância em busca de sons significativos. Percorrer os do cotidiano e os dos lugares afetivos. Descrever aqueles que irritam. Refletir sobre os que causam alegria e prazer. Essa foi a experiência de, a princípio, 29 pessoas, entre homens e mulheres, na faixa dos 30 aos 105 anos de idade, com perfis profissionais e interesses variados.